Novo plano de choque para a habitação em Portugal: O que significa para Lagos e o Barlavento Algarvio

O Governo português, liderado pelo Primeiro-Ministro Luís Montenegro, aprovou recentemente um novo pacote de medidas – designado por “plano de choque” – para fazer face à atual crise da habitação nacional. Estas mudanças radicais visam aumentar a oferta, estabilizar o mercado de arrendamento e aumentar a acessibilidade dos preços.

Enquanto algumas medidas foram amplamente elogiadas, outras, particularmente as que afectam os compradores não residentes e os novos limites de arrendamento, provocaram um debate animado em todo o sector imobiliário. Como especialistas em Lagos e no mercado imobiliário do Barlavento Algar vio, analisámos as principais propostas e o seu potencial impacto na nossa bela região.

Movimentos aplaudidos: Incentivar a construção e os senhorios

Dois dos principais incentivos destinados a aumentar a oferta de habitação foram objeto de forte aprovação por parte dos promotores e construtores:

  • IVA reduzido para a construção: O governo está a reduzir a taxa de IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado) de 23% para 6% para a construção de casas para venda até 648.000 euros e para propriedades de aluguer com rendas limitadas a 2.300 euros por mês. Esta taxa reduzida estará em vigor até 2029 e é uma medida há muito solicitada que poderá ajudar a baixar os custos de construção e incentivar novos empreendimentos no Algarve.
  • Redução do imposto sobre o arrendamento: Para incentivar os proprietários a colocarem mais casas no mercado de arrendamento de longa duração, a taxa de IRS sobre os rendimentos do arrendamento será reduzida de 25% para 10% para arrendamentos de pelo menos três anos, desde que a renda não exceda o novo limite “moderado” de 2.300 euros. A isto junta-se uma isenção do AIMI (Adicional ao Imposto Municipal sobre Imóveis) para estes imóveis arrendados.

Estas medidas são passos positivos que podem encorajar mais propriedades na zona de Lagos a entrar no mercado de arrendamento de longa duração, o que é crucial para os residentes locais.

New Housing Shock Plan in Portugal What it Means for Lagos the Western Algarve By Sunny Steve 2

A controvérsia: limite da “renda moderada” e sobretaxa de IMT

Nem todas as medidas foram recebidas de braços abertos. O novo plano introduz duas alterações muito debatidas:

1. O novo limite máximo da “renda moderada

O conceito de ” renda acessível” está a ser substituído pelo de “Renda Moderada”, com um limite mensal nacional fixado em 2.300 euros.

  • As críticas: Os críticos, incluindo as associações de inquilinos, argumentam que um limite nacional de 2.300 euros é demasiado elevado e desfasado do salário médio dos portugueses, podendo fazer subir as rendas para este novo teto em vez de as estabilizar. O Governo, no entanto, argumenta que este limite é necessário para incluir as famílias da classe média em zonas de custos elevados, como Lisboa e Porto, e para garantir o alcance geográfico.
  • Impacto no Algarve: Para o Barlavento Algarvio, onde os preços de aluguer podem ser elevados, sobretudo durante a época alta, resta saber como este limite máximo influenciará os preços e a disponibilidade do mercado de aluguer a longo prazo.
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2. Aumento do IMT para compradores não residentes

A alteração mais significativa para a nossa base de clientes internacionais é o aumento previsto do IMT (Imposto Municipal sobre Transmissões Onerosas de Imóveis) para os compradores não residentes (excluindo os emigrantes portugueses).

  • Justificação: Esta medida destina-se a reduzir a procura por parte dos compradores estrangeiros, que muitas vezes adquirem imóveis a preços significativamente superiores à média local, aliviando assim a pressão sobre o mercado imobiliário nacional.
  • Preocupações do sector: As associações imobiliárias criticaram fortemente esta medida, avisando que envia um sinal negativo sobre o investimento estrangeiro, que é vital para a economia e que, historicamente, se tem concentrado em propriedades de valor mais elevado que não competem diretamente com a habitação local a preços acessíveis.
  • A perspetiva de Lagos: Embora Lagos e o Barlavento Algarvio sejam destinos internacionais muito procurados, a maioria das propriedades compradas por não residentes são casas de gama alta e não as propriedades de preço mais baixo necessárias às famílias locais. Acreditamos que o investimento estrangeiro é um pilar fundamental da prosperidade da nossa região e esperamos que a implementação final deste imposto tenha em conta a contribuição económica mais ampla dos nossos clientes internacionais.

Licenciamento simplificado e redução das mais-valias

Duas outras medidas importantes incluem:

  • Simplificação do licenciamento: Os planos para reduzir os obstáculos burocráticos e encurtar os prazos para o licenciamento da construção têm sido universalmente elogiados como uma forma de acelerar o desenvolvimento e trazer rapidamente novas casas para o mercado.
  • Reinvestimento das mais-valias: Os proprietários que vendam um imóvel ficarão isentos do Imposto sobre as Mais-Valias (Mais-Valias) se reinvestirem a totalidade do valor da venda noutro imóvel para arrendamento com “renda moderada”.

O nosso ponto de vista

O novo “plano de choque” representa um esforço claro do Governo português para fazer face à crise da habitação, centrando-se no aumento da oferta e na oferta de incentivos.

Para os nossos clientes da zona de Lagos e do Barlavento Algarvio, o desagravamento fiscal para a construção e para os senhorios é um passo positivo. No entanto, a proposta de aumento do IMT para não residentes é um ponto que iremos acompanhar de perto à medida que avança no processo legislativo.

Na Sunny Steve Real Estate, continuamos empenhados em fornecer o melhor aconselhamento, assegurando que os nossos clientes – residentes e não residentes – estão totalmente informados de todas as alterações legais e fiscais que afectam a compra e venda de propriedades nesta deslumbrante parte de Portugal.

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