No início deste ano, o Governo socialista de António Costa decidiu acabar com o estatuto de Residente Não Habitual (RNH), criado em 2009. Depois, optou por um processo de transição que beneficiou quem já tinha começado a fazer de Portugal a sua casa.
No início de abril de 2024, o novo governo de Luís Montenegro tomou posse e decidiu reativar o programa de Residentes Não Habituais (RNH), embora com novas regras e um novo nome.
O programa “Acelerar a Economia” inclui 60 medidas para dinamizar a economia portuguesa. Entre estas medidas está o novo regime de atração de talento estrangeiro: IFICI+.
O que é o novo programa “Acelerar a Economia”?
O sector económico abrange vários aspectos da vida quotidiana, todos eles relevantes. Assim, o Ministro da Economia e os Secretários de Estado do Turismo, da Economia e dos Assuntos do Mar reuniram-se para identificar as lacunas existentes em Portugal. Estas reuniões envolveram várias entidades públicas e privadas para definir novas medidas. O Ministério das Finanças também participou ativamente, sobretudo em matéria fiscal.
O novo Governo identificou 20 desafios principais, agrupados em 5 objectivos distintos:
1- Escala, consolidação e capitalização;
2- Financiamento;
3- Empreendedorismo, inovação e talento;
4- Sustentabilidade;
5- Agrupamento.
Os objectivos de cada desafio são os seguintes:
No primeiro ponto, a tónica é colocada na promoção do crescimento e da escalabilidade para o desenvolvimento das empresas, colmatando o fosso entre as PME e as grandes empresas.
O segundo ponto diz respeito à facilitação do acesso ao financiamento para o crescimento das empresas.
O terceiro ponto destaca o investimento em capital humano e a melhoria dos conhecimentos científicos e tecnológicos.
O quarto ponto diz respeito à sustentabilidade, salientando a importância de todas as empresas adoptarem novas medidas com incentivos governamentais.
Por último, o quinto ponto sublinha a necessidade de colaboração entre empresas, instituições de ensino e de investigação e governos para atenuar a estagnação.
O programa “Acelerar a Economia” inclui um novo regulamento para atrair talentos estrangeiros, semelhante ao programa de Residentes Não Habituais (RNH) do governo anterior.
Qual é o objetivo da nova medida – Incentivo Fiscal à Investigação Científica e Inovação (IFICI+)?
O objetivo é atrair talentos qualificados através de um incentivo fiscal à investigação científica, à inovação e ao desenvolvimento do capital humano. Este benefício incide apenas sobre 20% dos rendimentos auferidos em Portugal nas categorias A e B (trabalhadores dependentes e independentes, respetivamente). A duração deste benefício é de 10 anos, com possibilidade de renovação.
Quem pode candidatar-se ao Incentivo Fiscal à Investigação Científica e Inovação (IFICI+)?
O novo regime IFICI+ destina-se a pessoas singulares que residam em Portugal há pelo menos 183 dias (cerca de 6 meses) e estabeleçam a sua residência fiscal no país. Este benefício aplica-se exclusivamente às categorias A e B, como já foi referido, e os requerentes não podem estar a beneficiar do antigo regime dos Residentes Não Habituais (RNH). Outra condição é que os indivíduos não tenham residido em Portugal nos últimos 5 anos e não tenham optado pelo regime de “Regresso”.
Ao contrário dos antigos programas para Residentes Não Habituais (RNH), o atual governo exclui desta prestação os dividendos, as mais-valias e as pensões. No passado, isto tornou-se um problema com a Suécia e a Finlândia. A partir de 1 de janeiro de 2022, a Suécia e a Finlândia passaram a aplicar impostos sobre as pensões pagas por estes países a residentes em Portugal, terminando assim o acordo fiscal entre os países.
Em abril de 2024, o novo governo liderado por Luís Montenegro reintroduziu o programa, agora reformulado como parte do ambicioso plano Acelerar a Economia, destinado a revitalizar vários sectores em Portugal. Com 60 medidas específicas, incluindo o IFICI+ para atrair talento estrangeiro qualificado, este programa visa promover o crescimento empresarial, a inovação tecnológica, a sustentabilidade e a cooperação entre empresas e instituições. Esta medida demonstra um compromisso renovado com o desenvolvimento económico sustentável e a atratividade global de Portugal.